12.7.17

As duas sereias

Uma das coisas que me agradou quando comecei a ver a minha Póvoa com olhos de ver, foi esta frontaria sita na Junqueira. Em alto-relevo, estas duas figuras representando duas sereias e como sereias que são estão semi-nuas o que para a época foi um escândalo (e para algumas almas ainda hoje o é), onde se chegou ao ponto do Prior da Matriz proibir a passagem da procissão pela Junqueira pois a casa das duas sereias era considerada uma provocação demoníaca e para que os seus figurantes não caíssem na ratoeira do Demónio ou tentação do pecado, é sem dúvida, uma frontaria a ver para quem pela Junqueira passeia, pela qualidade escultórica que emana daquelas duas figuras.

Obra do escultor portuense Sousa Caldas, dentro da Arte Nova (a Arte Nova foi tardia e de pouca duração em Portugal. Teve início por volta do ano de 1905 e terminou 15 anos mais tarde em 1920) é sem dúvida um ex-libris da nossa cidade, uma pela beleza das figuras, outra porque está no centro o nosso brasão (expressão burguesa do Brasão da Póvoa de Varzim conforme consta na wikipédia), não deixa de ser bonito e bem enquadrada entre as duas sereias.

Segundo o que li no livro "No Reino da Póvoa" de José de Azevedo (um livro a ler tal como os outros deste autor), este edifício foi mandado construir pela Tia Constança do Agulha com o dinheiro enviado pelo marido Tone Maravalhas, emigrado no Brasil, em Manaus. Depois do seu falecimento foi o seu filho Admário Ferreira (poeta, publicista e director do semanário local "O Banhista" e "O Banhista Informador") que ali abriu a "Livraria" Académica.

As duas fotos representam o passado e o presente deste local no que concerne à beleza das imagens.

Fontes:

- wikipédia
- Revista "A Póvoa de Varzim - Repositório Digital"
- Livro "No Reino da Póvoa" de José de Azevedo de onde foi retirada a imagem antiga do local.

Foto atual: Mário Lima


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