4.12.08

Minha Mãe... Aurora!





  Mãe, o teu nome,... Aurora!

«Aurora tem um menino tão pequenino... ». Era a canção que muitas vezes cantavas quando eu era pequenino.

  Aqui estamos, a tua prole. Foto tirada na Póvoa para ser enviada para o Pai que lá longe, sozinho, te esperava, nos esperava, para dar um novo rumo à vida.

  Olha bem para nós, os mais velhos, de calçõezinhos pelos joelhos, camisola, camisa e meias, tudo igual.

  Cada filho nascido em sítios diferentes, sempre com a casa às costas conforme a prole ia aumentando.


  Trabalhavas para contribuir para o sustento que nessa época a vida não era de “Playstation” e cartões de crédito. Éramos felizes assim. Fazíamos os nosso brinquedos, brincávamos na rua, no Natal era um carrinho de folheta, uma carrocinha com um cavalito a puxar já era uma festa.

  Lembro-me de um Natal, teria aí perto de sete anos, que te vi mais a tia Glória na Junqueira e fiquei curioso em saber o que andavam ali a fazer as duas. Entraram numa loja de brinquedos e, espreitando, vi que estavas a comprar os brinquedos que eu e os meus manos tínhamos pedido. Pouca coisa, mas era com muita alegria que recebíamos na meia o nosso presente. Sabes uma coisa minha Mãe? Até esse dia eu pensava que era o Menino Jesus que trazia os brinquedos, era assim que me tinham ensinado. Que ingénuo eu era. O consumismo ainda não se tinha instalado no Mundo e, do Menino Jesus, passaram para o Pai Natal pois o saco dele era maior. Agora as crianças têm tudo e não ligam a nada.


"Aurora tem um menino
Mas tão pequenino
O pai quem será
É o Zé da Aroeira
Que vai prá Figueira
Mais tarde virá

No adro de São Vicente
Onde há tanta gente
Aurora não está
Cala-te Aurora não chores
Que o pai da criança
Mais tarde virá"


Não estás não Mãe, partiste de nós há dois anos!


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