2.3.08

Póvoa de Varzim

Poveirinhos! Meus velhos pescadores!
Na água quisera com vocês morar:
Trazer o grande gorro de três cores,
Mestre da lancha deixem-no passar!

Lanchas da Póvoa, que ides à sardinha,
Poveiros, que ides para vinte braças,
Sol-pôr entre pinhais…
Capelas onde o sol faz mortes, nas vidraças!
Onde estais?

António Nobre


 Varzim deriva do vocábulo romano-lusitano Euracini que, segundo o investigador Viriato Barbosa, era o senhor ou proprietário do solo em que hoje está situada, total ou parcialmente a Póvoa de Varzim.

 Devido a alterações linguísticas através do tempo, de Euracini se formou a palavra Varzim.


 A Póvoa começou a ser uma pequena enseada, com uma colina adjacente, no lugar onde hoje se encontra a Igreja Matriz. Aqui se desenvolveu um centro de pescarias que, de uma situação de relativa pobreza – em 1870, o bairro piscatório, com ruas de terra batida, era constituído por simples «casinholos de madeira de pinho», com leitos de bancos ou beliches, tendo a lareira como peça fundamental –, se veio a transformar nos inícios do século XX, na maior concentração de pescadores do norte.

 Em 1308, D. Dinis deu o foral à vila de Varazim de Juzaão.


 Adquiriu a categoria de município em 25 de Novembro de 1514, e a sua autonomia foi concretizada no reinado de D. João III, quando foram construídos os primitivos Paços do Concelho.

 Assim “nasceu” a minha Póvoa.

 Nasci no Bairro da Nova-Sintra. Calcorreei as ruas da Póvoa somente durante 9 anos.

 As memórias desse tempo, levei-as para terras de África. Lá, os poveiros, faziam das tradições levadas um ponto de honra e, todos os anos, ali estávamos a fazer o «Anjo», e muitos leilões se faziam para ajudar o clube da nossa terra.

 No Brasil, a comunidade poveira também é enorme e sei que, como nós em África, levaram a Póvoa dentro de si e muito dinheiro da emigração foi aplicado na construção civil. A partir de 1947, época do 1º plano de urbanização da vila, até 1965, data da construção do primeiro edifício de quatro pisos, assistiu-se ao crescimento urbano imparável da nossa Póvoa.

 Hoje a Póvoa é, sem sombra de dúvidas, uma cidade voltada para o futuro. As ruas andam esventradas? O trânsito está caótico? É o preço do desenvolvimento. Depois das obras feitas e do trânsito regularizado tudo será esquecido e a Póvoa será sempre aquela cidade que o Poveiro esteja onde estiver a terá no coração.

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