19.3.08

A Minha Páscoa

  Na "minha" Páscoa, o "compasso" ia de porta em porta dar a notícia da ressurreição (penso que hoje é só quem o solicita) com uma cruz florida. Depois de se beijar a cruz, havia sempre algo de comer e beber na mesa, ou um envelope contendo algum dinheiro para ajudar a confraria.


As batinas dos padres na Páscoa

 A Confraria da Nossa S.rª da Lapa é verde e branco, a da Matriz é branco e vermelho e de São José é azul e amarelo... são da mesma cor dos bairros com que se celebram as festas do São Pedro no Verão e que portanto levam a algumas piadas bairristas engraçadas!

  Enquanto se espera pelo compasso, as famílias competiam na "Péla", o jogo tradicional poveiro, que consiste em lançar uma bola e o grupo que a apanhar tenta acertar na "cachola" que não é mais que um banco levantado. Cada grupo que acertar ganha pontos e, ao mudar, aquilo é um fartote de riso pois tentam enganar uns aos outros dizendo mais pontos do que têm na realidade.

  Muito joguei na Rua do Século, na rua Dr António Silveira nos meus tempos de menino.

- Dou-te um
- Dou-te dois
- Dou-te três
- Vou com os quatro para baixo.


  Os afilhados iam à casa dos padrinhos buscar o folar (no meu tempo era um pão-de-ló ou uma rosca que levávamos ao pescoço, caso fosse grande, ou enfiada no braço) e assim se fazia a festa da Ressurreição do Senhor.

Esta tradição da rosca tem origem na sigla romana SPQR (Senatus Populusque Romanus) que o poveiro traduziu literalmente para S-Senhor, P-Padrinho, Q-Quero, R-Rosca.



Saí da Póvoa muito novo mas recordo com muita saudade o meu Padrinho, o Mário "Carcereiro". Era um Padrinho 5* e penso que se a tradição se mantém, o domingo de Páscoa é um dia muito feliz para a petizada e para os Padrinhos que os recebem em sua casa. Há tradições que se deviam manter e esta é uma delas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ó Marius, de facto, o quadro Poveiro que pintaste,faz recordar, esses tempos, com uma certa nostalgia! Ao Compasso, ao jogo da
"Pela", ás "Carrasqueiras"- era assim que também se chamava a ida para o Anjo e outros locais na Segunda Feira de Páscoa- eu junto os ovos pintados, as amêndoas pequeninas e duras e as Roscas de trigo que os afilhados traziam da vizita aos padrinhos! A minha mãe juntava dez, de 5 filhos. Havia rosca para comer um mês! Manuel Lopes.